Por: Bruno Alvarenga Ribeiro.
O que importa é que estimar significa determinar o valor de algo. A todo instante estamos determinando o valor das coisas. Uma pessoa pode ter para nós um valor maior ou menor dependendo do seu comportamento. Se seu comportamento é para mim fonte de reforçamento positivo, certamente essa pessoa terá um grande valor para mim. Valorizamos, por exemplo, os nossos pais, pois apesar de todos os problemas eles nos ajudaram e ajudam em diversas circunstâncias da vida. Sim, há aqueles que por motivos vários não valorizam seus pais, e isso é explicável pela história de reforçamento, pela história que está por trás deste relacionamento estabelecido entre filhos e progenitores.
Se por outro lado, o comportamento de uma determinada pessoa é para mim fonte de controle aversivo, esta pessoa terá então um valor menor ou nenhum valor, ou seja, minha estima por ela será muito pequena, meu sentimento de afeição por ela será bem diminuto. Como sentimento é comportamento, com pouca frequência demonstrarei minha afeição por esta pessoa, e se o fizer este comportamento não será assim tão intenso como seria com outra pessoa que tenho muita estima. Se assim o fizer a topografia (aparência/forma) do meu comportamento não demonstrará que meu afeto é assim tão intenso. Para entender porque sentimento é comportamento, leia outros posts em que esta questão é desenvolvida, para isso clique aqui.
Então, o leitor já deve ter percebido que o comportamento de estimar está relacionado com aquilo que sinto com relação às pessoas com quem me relaciono. Tem também relação com a forma como percebo as pessoas. Tanto o sentir quanto o perceber, que são comportamentos, são determinados pelas contingências de reforço que se fazem presente nos relacionamentos estabelecidos com as pessoas. Ou seja, o que sinto com relação a uma pessoa é determinado pelos efeitos dos comportamentos dela sobre os meus comportamentos.
Se os efeitos são agradáveis tomo essa pessoa como alguém agradável. Descrevo minha relação com ela como sendo uma relação agradável. Essa descrição é uma regra. Regras são descrições de contingências de reforço, descrições que fazem relação do "se" com o "então". "Se" eu fizer isso "então" acontece aquilo. Se eu me aproximar de "fulano" ele vai me tratar bem, então vou me sentir realizado. Consequentemente criarei circunstâncias que favoreçam o encontro com esse "fulano". Aqui temos a explicação para o comportamento de perceber.
As chamadas "representações mentais" que se formam a partir da percepção, são na verdade regras que descrevem relações do tipo "se"/"então". Não há representações mentais e nem há um processo chamado percepção que aglutina dados sensoriais e forma imagens na mente. Perceber algo é reagir a uma dada circunstância em função dos estímulos presentes nesta circunstância e das consequências gerados pelo nosso comportar-se. Se diz que o artista tem uma percepção mais refinada para arte do que o leigo. O artista tem uma história de reforçamento que modelou comportamentos de discriminar com maior precisão artes deste ou daquele profissional. Ele estudou, se informou, pesquisou, dedicou sua vida às artes, e nada mais natural que reaja a uma tela num museu de uma forma diferente da forma como reagiria o leigo.
O artista seria capaz de dizer que tinta foi usada na tela, quando ela foi pintada e a qual escola artística ela pertence, pois tem em seu repertório comportamentos que o leigo não tem. Não é sua percepção que é diferente, mas sim seu repertório de comportamentos. Sua percepção não tem nada de diferente. Ele simplesmente reage às circunstâncias, às contingências de reforço, pois tem em seu repertório os comportamentos apropriados para reagir de uma forma diferente da forma como reagiria uma pessoa leiga.
Agora aplique tudo que leu acima em si mesmo. Aplicando você entenderá que autoestima é nada mais nada menos do que o comportamento de estimar o próprio valor. Sua autoestima será elevada dependo da forma como se sente com relação a si mesmo e dependendo da forma como se percebe, ou seja, dependendo da forma como descreve a si mesmo. Mas o que sentimentos com relação a nós mesmos e a forma como nos descrevemos é fruto de nossa história.
Alguns aprenderam ao longo da vida que não têm valor nenhum, pois tendo sido mal avaliados por outras pessoas, tomaram a descrição destas como sendo verdadeiras, ou seja, utilizaram estas descrições como regras para descreverem a própria vida. A questão é que estas descrições podem estar erradas. Quando estão erradas geram autoavaliações disfuncionais. Por sua vez, estas avaliações disfuncionais criam circunstâncias aversivas que fazem as pessoas se sentirem mal. Quando se sentem mal dizem que têm uma baixa autoestima. Como mudar este sentimento? Mudando as contingências de reforço.
Uma terapia pode ajudar a pessoa a mudar as contingências que determinam o comportamento de se avaliar de forma tão negativa. O que importa é a pessoa saber o quanto a sua autoavaliação a incomoda. Se houver incômodos é hora de procurar ajuda, pois este incômodo pode gerar interferências em outros comportamentos, tornando, desta forma, a vida menos produtiva. Uma vida menos produtiva pode se tornar escassa em reforçamento positivo. Por sua vez a escassez de reforçamento positivo pode gerar uma série de outros problemas comportamentais (emocionais).
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Bruno,meu amigo,amei seu texto de grande valia para pessoas que passaram a infância sendo menosprezadas.Obrigada! Lylian
ResponderExcluirBom saber que meu texto foi útil para você Lylian. Agradeço sua participação e o interesse em comentar aqui no blog.
ExcluirAbraços.
Só uma perguntinha...Você não é meu seguidor por que motivo? Meu blog é humilde mas recebe com carinho todos os amigos! Vou chorar! http://maniadobem.blogspot.com.br
ResponderExcluirDesculpe-me, mas na correria a gente acaba se esquecendo de clicar na aba de seguidores... Rs!!!
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