Por: Bruno Alvarenga Ribeiro.
Mas mesmo sabendo a posição do Behaviorismo Radical com relação a este tema, confesso que continuei encantado com a metáfora do milho que quando aquecido se transforma em pipoca. Muita gente gosta de usar essa historinha da pipoca para justificar que é dentro do organismo que se processam as mudanças que se fazem visíveis em seu exterior. No entanto, poucos são os que param para pensar que para o milho se transformar em pipoca precisam existir algumas condições:
1. É necessário um fogão com uma panela, ou um microondas e um pacote de pipoca de microondas;
2. A panela precisa ser aquecida com um pouco de óleo em um fogão, o mesmo é válido para o pacote de pipoca, mas este é aquecido no microondas;
3. É preciso existir alguém para controlar o ponto de estouro das pipocas, pois elas podem se queimar ou se transformarem em piruá. Aqui em Minas Gerais piruá é o milho de pipoca que não estourou.
Sem as condições 1, 2 e 3 não há pipocas. Simples assim! A mudança não está no interior do milho. O milho pode até reunir as características genéticas para se transformar em pipoca. Isso é fato! Mas estas características de nada adiantariam se as condições 1, 2 e 3 não fossem atendidas. Penso que o leitor já deva estar capitando a minha mensagem. O que são as condições 1, 2 e 3? Estas se referem às contingências de reforço. Elementar meu caro Watson!
Se alguma coisa ocorre dentro do organismo como as mudanças fisiológicas, e se estas são descritas como a emoção "x" ou "y", é porque houveram contingências de reforço que possibilitaram a ocorrência destas mudanças. Antes que me acusem de desconsiderar as contingências filogenéticas, trato de adiantar que elas também têm um papel em tudo isso. Mas como isso é quase uma obviedade, não entrarei no mérito da questão.
O que quero que fique claro é que o que é sentido é produto das contingências de reforço da mesma forma que o comportamento também o é. Se não houvesse fogo todo o potencial genético do milho não entraria em ação e ele não se transformaria em pipoca. Então, o que de fato é relevante são as condições que possibilitam a manifestação deste potencial. Transpondo a metáfora para o caso humano de modo que possamos explicar porque nos comportamos assim ou assado, o que é relevante é identificar as contingências que produzem tanto o que é sentido quanto aquilo que fazemos enquanto nos sentimos desta ou daquela maneira.
Portanto, a origem das mudanças não estão no interior do organismo, mas nas condições que afetam o seu comportar-se. Estas condições também afetam o que sentimentos, pois os sentimentos também são comportamentos. Clique aqui para ser direcionado para outros textos em que o comportamento emocional é debatido com mais detalhes. Se é comum tomarmos sentimentos como exemplos de causas de comportamentos, é porque geralmente eles ocorrem enquanto nos comportamentos, próximos ou antes de nos comportarmos. A proximidade temporal entre o sentir e o agir acaba gerando toda esta confusão.
Por conseguinte, para que os comportamentos se modifiquem e as metamorfoses possam operar, não são os sentimentos que precisam ser alterados. Qualquer mudança é produto em modificações que se processam nas contingências de reforço. Alterando as contingências alteramos comportamentos e sentimentos. Então, sempre que alguém te contar a história da pipoca, lembre-se de olhar para as contingências responsáveis pela transformação do milho. Agindo assim você aumenta as chances de olhar para as contingências que operam em sua vida. Não se esqueça, as metamorfoses estão nas contingências!
Vixe, termino este post com vontade de comer pipoca! Rs!!! E você, o que achou do texto? Poste seu comentário abaixo.
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Bruno:
ResponderExcluirAchei brilhante a forma como você abordou a metáfora do milho.
Aliás, sua inteligência é admirável.
Todavia, tenho apenas uma ressalva a fazer, concordo que as contingências são responsáveis pelas mudanças do nosso comportamento.
Mas que nem todas essas contingências, precisam ser de reforço.
Afinal, qualquer fato novo, vindo do ambiente externo é capaz (ou é uma possibilidade) de produzir mudanças.
Espero ter contribuído, com meu ponto de vista.
Bjs.:
Sil
http://meusdevaneiosescritos.blogspot.com.br/
Silvana, mais uma vez obrigado pela participação. Se as contingências não forem de reforço, só existem duas outras opções: contingências filogenéticas e contingências culturais. As contingências filogenéticas não explicam os tipos de mudanças tratadas no texto, pois elas só selecionaram comportamentos para a espécie sobreviver num ambiente semelhante em que ela evoluiu. Este é o primeiro nível de seleção do qual trata Skinner, e ele não nos prepara para um ambiente em constante mudança. Esta possibilidade de se adaptar a um ambiente em constante mudança vem do segundo nível de seleção: o comportamento operante. Neste caso falamos das famosas contingências de reforço. O último nível de seleção é o cultural. Ele possibilita aprendermos sem nos expormos às contingências. Aprendemos com as descrições que delas são feitas. Mas a base das contingências culturais continuam sendo as contingências de reforço.
ExcluirAbraços.
Analisando sob o ponto de vista das contingências culturais, faz todo sentido sua explicação.
ExcluirBom final de semana.
Bjs.:
Sil
Mais uma vez obrigado pela contribuição.
ExcluirBom final de semana.
Abraços.