segunda-feira, 9 de abril de 2012

Casal emagrece junto: refletindo sobre contingências de reforçamento positivo

Por: Bruno Alvarenga Ribeiro.

Olhem a chamada de uma reportagem que encontrei na internet: “Casal engordou junto porque costumava abusar de comidas calóricas. Ela já eliminou mais de 30 kg, e os dois agora se exercitam juntos.” Clique aqui para ler a reportagem na íntegra. Em resumo, uma jovem precisava emagrecer, e para incentivá-la o namorado resolveu mudar junto com ela seus hábitos alimentares.

Ambos mudaram seus hábitos alimentares e começarem a se exercitarem, atingindo desta forma o objetivo que se proporam: o emagrecimento. Este é um caso que demonstra perfeitamente que comportamento é relação, não porque o casal emagreceu junto, mas porque alterações no ambiente, nas contingências de reforço produziram mudanças nos comportamentos alimentares do casal, e estas mudanças levaram ao emagrecimento.


A primeira mudança significativa foi a de conseguir um fator motivador para o emagrecimento da namorada. Para isso o namorado se propôs fazer junto com ela exercícios e mudanças na forma de comer. Este comportamento do namorado sinalizou: “estou junto com você nesta empreitada”. Trata-se de um estímulo discriminativo sinalizando a possibilidade de reforçamento positivo.


O comportamento do namorado criou uma contingência que favoreceu a motivação para emagrecer por parte da namorada. Certamente a cada quilo perdido o namorado consequenciava os comportamentos de continuar buscando o emagrecimento da namorada com reforço positivo. Por outro lado, a cada quilo que ele perdia a namorada podia ver que a mudança estava surtindo efeito. Ela via os efeitos da mudança em si e no namorado. Vejam o poder das contingências de refoçamento  positivo quando o reforço é utilizado para reforçar os comportamentos corretos.

O reforço também pode ser utilizado para consequenciar (seguir) comportamentos cujos resultados podem trazer malefícios à saúde. Basta olhar a vida deles antes do propósito da mudança. A comida era um reforçador positivo que fortalecia hábitos alimentares bastante inadequados. Eis uma prova de que reforço positivo nem sempre produz resultados assim tão positivos.

O problema superado por este casal é um problema enfrentado por muitas pessoas no mundo: a obesidade. Na pré-história da humanidade o “comer” era uma questão de sobrevivência, por isso trazemos em nós a susceptibilidade para termos muitos de nossos comportamentos reforçados com comida. Comida é um reforçador incondicionado em potencial. A questão é que o mundo mudou, e não temos que sair para caçar. Agora a comida está acessível, pode ser adquirida com muita facilidade, e isso é uma grande tentação, ou seja, isso cria contingências de reforço que aumentam a probabilidade dos comportamentos de comer.


Na pré-história o Homem comia muito, mas por outro lado queimava todo o excesso calórico na caça, nos cuidados da prole, no êxodo entre uma região e outra em busca de comida e proteção etc. O homem moderno tem comida em fartura, e não precisa mais sair de um lugar para o outro buscando proteção e alimentos. Os reforços positivos estão nas prateleiras, são noticiados nos meios de comunicação, e por isso a obesidade se tornou um grande problema. O Homem continua comendo muito, pois comer é altamente reforçador, no entanto, não queima os excessos calóricos, uma vez que sua vida é bastante sedentária. O resultado disso é obesidade, diabetes, enfartos etc.


Trata-se de contingências-armadilhas: contingências imediatas que provêm reforçamento imediato versus contingências postergadas que sinalizam com possibilidade de controle aversivo. O resultado é que as contingências imediatas geralmente se sobrepõem sobre as contingências postergadas, e quem perde com isso somos nós, e possivelmente toda a humanidade, pois se nada for feito estaremos deixando para as próximas gerações um péssimo legado. Tratei destas contingências no post que fala sobre o hábito de fumar. Clique aqui para ir para o post mencionado.

Parabéns ao casal, pois souberam modificar as contingências responsáveis por seus comportamentos alimentares! Fica aí o exemplo para que possamos fazer o mesmo... Aff, mas nem pensemos que vai ser fácil, pois na verdade não será. Até que antigos hábitos alimentares entrem em extinção uma dose de sofrimento certamente ocorrerá. A dica é investir em outros lazeres que não sejam somente o comer, pois substituímos um comportamento por outro e nossa saúde agradece.

E quem viu as fotos acima tem que concordar que valeu a pena as mudanças conseguidas pelo casal... Rs!!!



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