sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Valor da Pesquisa Bibliográfica

Por: Bruno Alvarenga Ribeiro.

Desprezar o valor da pesquisa bibliográfica é um erro que não pode ser cometido por nenhum pesquisador. O motivo é ligeiramente simples: a ciência logra resultados de pesquisas feitas por outros pesquisadores, ou seja, o saber científico é um saber cumulativo, e é no mínimo um erro muito grosseiro desprezar o que outros tenham dito ou pesquisado sobre determinado assunto.


Não é incomum encontrar pessoas que desprezam o valor da pesquisa bibliográfica, principalmente no âmbito das Ciências Humanas e Sociais, o que é uma incoerência, pois nestas áreas do saber se produz muito conhecimento a partir de revisões conceituais, revisões que geralmente têm o objetivo de elucidação de conceitos que se fazem relevantes para o entendimento de determinado fenômeno.

Qual a importância dos trabalhos de revisão conceitual? Estes se debruçam sobre conceitos na tentativa de demonstrarem suas aplicabilidades ou mesmo para tornar clara sua compreensão, como também mostrarem suas relações com outras áreas do saber, possibilitando assim a construção de pontes entre estas diferentes áreas. A elucidação de conceitos permite ainda a melhor compreensão dos fenômenos aos quais eles se aplicam, tornando possível a pesquisa aplicada, ou seja, a pesquisa que tenta compreender e/ou explicar determinadas parcelas da realidade a partir da utilização de um corpo conceitual.


Pesquisa aplicada é diferente de pesquisa básica. Pesquisa aplicada parte de um corpo conceitual mais ou menos consolidado, e utliza-o na compreensão e/ou explicação de certos recortes da realidade. Já a pesquisa básica pretender elucidar as relações de determinação e/ou funcionalidade dos fenômenos estudados, produzindo assim hipóteses explicativas que vão se transformar em teorias na medida que forem sendo corroboradas. Por sua vez, teorias são formadas por um corpo conceitual, e os conceitos são nada mais nada menos do que descrições dos fenômenos ao qual fazem referência. Estas descrições são utilizadas para explicarem o funcionamento destes fenômenos.

De modo bastante grosseiro, por meio da pesquisa básica se chega a descrições das "leis" que regem o funcionamento de determinado fenômeno. Uma vez descrita, a lei pode ser aplicada a diversas situações em que o fenômeno ao qual ela faz referência acontece, e isso é pesquisa aplicada. Mas, tanto a pesquisa básica, quanto a pesquisa aplicada podem gerar discussões sobre a eficácia dos conceitos na descrição dos fenômenos ao qual fazem referência, e estas discussões podem ser bastante proveitosas no sentido de elucidar os fundamentos epistemológicos que dão origem a descrição conceitual, ou seja, no sentido de tornar claro os procedimentos metodológicos que possibilitaram a construção dos conceitos.


Esclarecido os procedimentos metodológicos que possibilitaram a construção de um determinado corpo conceitual, outros cientistas podem reproduzi-los com o intuito de submeter a prova este mesmo corpo conceitual, e isso é chamado de validação. Então, uma característica que deve definir o conhecimento científico é sua capacidade de validação, ou seja, a capacidade que tem de ser submetido à prova. Neste processo de submissão à prova, a discussão conceitual, que geralmente se faz por meio de revisões conceituais e pesquisas bibliográficas é extremamente importante e salutar, pois alimenta o processo de reflexão que faz parte da empreitada de construção do conhecimento científico.

Sendo assim, as pesquisas bibliográficas e de revisão conceitual devem ser incentivadas, na medida que puderem contribuir para o processo de reflexão, processo esse que alimenta a empreitada de construção de conhecimento científico. Se este tipo de pesquisa pode contribuir para alimentar a produção de conhecimento científico, deve, então, ser considerada como um meio interessante sobre o qual toda ciência se edifica, um meio que permite a elucidação dos procedimentos que fundamentam a difícil jornada de se produzir conhecimentos que mereçam o rótulo de cientificos.

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