Mostrando postagens com marcador Emoções. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Emoções. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Quatro coisas que você não deve dizer a uma pessoa que sofre com depressão: uma análise comportamental

Por: Bruno Alvarenga Ribeiro

Depressão é coisa séria e ninguém tem nenhuma dúvida a esse respeito. Mas mesmo assim existem muitas pessoas que tratam o problema como se não tivesse nenhuma importância. Como se não bastasse costumam dizer coisas que só pioram a situação de quem já está sofrendo com a depressão. Eis algumas pérolas:

"Vai Passar"
Existe um ditado que diz "que tudo na vida é passageiro, exceto o motorista e o trocador". Não se aplica à depressão. A depressão não é um problema que costuma passar, que desaparece sozinho com o tempo. Aliás, o tempo não é o melhor remédio. Tempo nunca foi remédio pra nada. Agir de modo a mudar a situação, de forma planejada, é claro, é a melhor alternativa. Por isso o autoconhecimento tem um grande valor neste momento. Desta forma, a ajuda de um profissional "Psi" pode ser de grande valia. Não adianta dizer que vai passar. Pode até ser que passe, desde que, aquele/a que sofre com o problema consiga expandir as suas fontes para obtenção de reforçamento. Mas, vida de regra, a pessoa que tem depressão não consegue fazer isso sozinha. Dificilmente ela consegue identificar o que pode ser reforçador.

"É Falta do Que Fazer"
No imaginário coletivo o remédio para a depressão é fazer alguma coisa. Isso certamente tem relação com a sociedade em que vivemos, uma sociedade que deposita no trabalho a esperança para a salvação de todos. O trabalho é a via para a redenção do homem, é o meio para a sua glorificação. Pelo menos é o que pensa uma sociedade centrada na exploração do trabalho como meio para produção de riquezas. Mas você já se perguntou que o fazer alguma coisa, seja ela o que for, é quase nada reforçador para quem sofre com depressão? O não fazer nada, comum à depressão, é um modo de fazer alguma coisa e pode ser uma das poucas fontes de reforçamento facilmente acessíveis para quem tem depressão. Não adianta mandar a pessoa fazer alguma coisa. Não é qualquer fazer que será reforçador. Por isso a importância de buscar ajuda profissional. Junto com o/a profissional a pessoa com depressão pode identificar novas fontes de reforçamento que suplantem os efeitos aversivos dos sentimentos comuns a um quadro depressivo.

"É Frescura"
Depressão não é queijo fresco, aquele que é muito gostoso de comer com goiabada. Aqui em Minas Gerais é uma das sobremesas preferidas dos mineiros. A ideia de frescor consolida a imagem de algo mole, de algo sem muita firmeza. Queijo fresco é mole. Já o queijo curado, o que usamos para fazer o pão de queijo, é duro como um porrete. Precisa ser ralado para que possa ser utilizado na massa. Aquela "moleza" da pessoa com depressão é resultado dos efeitos aversivos dos sentimentos comuns ao quadro depressivo. Sendo assim, o quadro já é suficientemente aversivo, e não é necessário ninguém para torná-lo ainda pior. Evite dizer que é frescura, pois não é. Se não tiver nada melhor pra dizer, fica aqui uma sugestão: não diga nada.


"É Falta de Fé"
Estão aí o Padre Marcelo Rossi e o Padre Fábio de Melo pra provarem que a depressão e outros problemas psicológicos não guardam nenhuma relação com o exercício da fé. Ninguém tem dúvidas de que os dois sacerdotes são homens de muita fé. E lembre-se: a religião não funciona como estímulo reforçador para todas as pessoas. Helloooo, acorde! O que é reforçador para uma pessoa não é para a outra e isso depende da história de vida, ou para ser mais preciso: depende da história de reforçamento de cada um. E o mais importante: religião não é tratamento. O tratamento para a depressão deve ser feito com acompanhamento médico e também psicológico.


De hoje em diante pense duas vezes antes de dizer que a depressão "vai passar, "que é falta do que fazer", "que é frescura" ou que ainda é "falta de fé".
Leia mais...

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Uma Análise Comportamental da Carência

Por: Bruno Alvarenga Ribeiro.

Desculpem mais uma vez pelo longo tempo sem realizar nenhuma postagem. Hoje vamos falar um pouco sobre algo que todo mundo já sentiu: carência. Metaforicamente e comportamentalmente a carência é semelhante à fome. Quando estamos com fome qualquer comida parece deliciosa. Quando estamos carentes qualquer relacionamento parece formidável. Mas o que está por trás de tudo isso?

Fome faz com que os alimentos adquiram sabores não notados anteriormente ou nos faz até mesmo comer o que normalmente nós não comemos. Não é muito diferente com os relacionamentos. Carência transforma qualquer relacionamento numa fonte "inesgotável" de realização emocional, até mesmo os relacionamentos com potencial para se tornarem tóxicos.

Existe uma operação comportamental chamada privação que ajuda a entender porque isso acontece. Na privação a impossibilidade de contato com determinado reforço torna mais poderoso o seu efeito reforçador. A carência é marcada pela restrição de acesso a reforçadores condicionados importantes, como, por exemplo, atenção e afeto. Também pode ser marcada pela restrição a reforços de origem sexual, que são exemplos de estímulos reforçadores incondicionados (primários).

Não por acaso a susceptibilidade de entrar em qualquer relacionamento que assinale com a possibilidade de reforçamento. Deste modo, a privação, leia-se carência, eleva a probabilidade  de comportamentos que aumentem as chances de produzirem os reforços que faltam. Daí podem surgir alguns problemas. Um deles é não avaliar com que frequência os reforçadores serão encontrados no novo relacionamento.

Reforços não ocorrem de modo contínuo. Isso é válido principalmente para aqueles que dependem do comportamento de outrem. A depender do relacionamento o esquema de reforçamento pode exigir muitos esforços para que sejam apresentados os estímulos reforçadores. É algo semelhante ao que ocorre nos jogos de azar: o jogador continua jogando mesmo que a probabilidade de vencer seja muito pequena. É neste momento que o relacionamento pode se transformar numa relação tóxica. Muitas fichas são apostadas na relação, como nas máquinas de caça-níqueis, e o retorno obtido pode não compensar o esforço empreendido para obtê-lo.

Cuidado, portanto, com a carência! Avalie a relação por aquilo que ela pode te proporcionar e pelo esforço que vai empreender para conseguir se sentir realizado(a). E pense em algo importante: os relacionamentos afetivos não são as suas únicas fontes de reforçamento. Existem outras. Procure explorá-las para não se tornar refém da carência.


Leia mais...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Autoestima: uma breve análise comportamental

Por: Bruno Alvarenga Ribeiro.

Vamos começar pelo desmembramento da palavra: auto + estima. Auto é relativo a si mesmo. Autobiografia, por exemplo, é uma narrativa que conta a história do próprio autor que a escreveu. Estima é o apreço que se tem por alguém. Estima vem do verbo estimar. Estimar significa determinar o valor. Na frase, "os cientistas estimam que o sol ainda brilhará por 5 bilhões de anos", estimar significa calcular, ou seja, os cientistas calculam que o sol ainda vai brilhar durante muito tempo. De estimar vem a palavra estimativa, que é o mesmo que calcular aproximadamente. Quando se faz uma estimativa, na verdade está se calculando aproximadamente o valor de alguma coisa. Então o cálculo dos cientistas são estimativas, pois não podem determinar aproximadamente por quanto tempo o sol vai brilhar.

O que importa é que estimar significa determinar o valor de algo. A todo instante estamos determinando o valor das coisas. Uma pessoa pode ter para nós um valor maior ou menor dependendo do seu comportamento. Se seu comportamento é para mim fonte de reforçamento positivo, certamente essa pessoa terá um grande valor para mim. Valorizamos, por exemplo, os nossos pais, pois apesar de todos os problemas eles nos ajudaram e ajudam em diversas circunstâncias da vida. Sim, há aqueles que por motivos vários não valorizam seus pais, e isso é explicável pela história de reforçamento, pela história que está por trás deste relacionamento estabelecido entre filhos e progenitores.

Se por outro lado, o comportamento de uma determinada pessoa é para mim fonte de controle aversivo, esta pessoa terá então um valor menor ou nenhum valor, ou seja, minha estima por ela será muito pequena, meu sentimento de afeição por ela será bem diminuto. Como sentimento é comportamento, com pouca frequência demonstrarei minha afeição por esta pessoa, e se o fizer este comportamento não será assim tão intenso como seria com outra pessoa que tenho muita estima. Se assim o fizer a topografia (aparência/forma) do meu comportamento não demonstrará que meu afeto é assim tão intenso. Para entender porque sentimento é comportamento, leia outros posts em que esta questão é desenvolvida, para isso clique aqui.

Então, o leitor já deve ter percebido que o comportamento de estimar está relacionado com aquilo que sinto com relação às pessoas com quem me relaciono. Tem também relação com a forma como percebo as pessoas. Tanto o sentir quanto o perceber, que são comportamentos, são determinados pelas contingências de reforço que se fazem presente nos relacionamentos estabelecidos com as pessoas. Ou seja, o que sinto com relação a uma pessoa é determinado pelos efeitos dos comportamentos dela sobre os meus comportamentos.

Se os efeitos são agradáveis tomo essa pessoa como alguém agradável. Descrevo minha relação com ela como sendo uma relação agradável. Essa descrição é uma regra. Regras são descrições de contingências de reforço, descrições que fazem relação do "se" com o "então". "Se" eu fizer isso "então" acontece aquilo. Se eu me aproximar de "fulano" ele vai me tratar bem, então vou me sentir realizado. Consequentemente criarei circunstâncias que favoreçam o encontro com esse "fulano". Aqui temos a explicação para o comportamento de perceber.

As chamadas "representações mentais" que se formam a partir da percepção, são na verdade regras que descrevem relações do tipo "se"/"então". Não há representações mentais e nem há um processo chamado percepção que aglutina dados sensoriais e forma imagens na mente. Perceber algo é reagir a uma dada circunstância em função dos estímulos presentes nesta circunstância e das consequências gerados pelo nosso comportar-se. Se diz que o artista tem uma percepção mais refinada para arte do que o leigo. O artista tem uma história de reforçamento que modelou comportamentos de discriminar com maior precisão artes deste ou daquele profissional. Ele estudou, se informou, pesquisou, dedicou sua vida às artes, e nada mais natural que reaja a uma tela num museu de uma forma diferente da forma como reagiria o leigo.

O artista seria capaz de dizer que tinta foi usada na tela, quando ela foi pintada e a qual escola artística ela pertence, pois tem em seu repertório comportamentos que o leigo não tem. Não é sua percepção que é diferente, mas sim seu repertório de comportamentos. Sua percepção não tem nada de diferente. Ele simplesmente reage às circunstâncias, às contingências de reforço, pois tem em seu repertório os comportamentos apropriados para reagir de uma forma diferente da forma como reagiria uma pessoa leiga.

Agora aplique tudo que leu acima em si mesmo. Aplicando você entenderá que autoestima é nada mais nada menos do que o comportamento de estimar o próprio valor. Sua autoestima será elevada dependo da forma como se sente com relação a si mesmo e dependendo da forma como se percebe, ou seja, dependendo da forma como descreve a si mesmo. Mas o que sentimentos com relação a nós mesmos e a forma como nos descrevemos é fruto de nossa história.

Alguns aprenderam ao longo da vida que não têm valor nenhum, pois tendo sido mal avaliados por outras pessoas, tomaram a descrição destas como sendo verdadeiras, ou seja, utilizaram estas descrições como regras para descreverem a própria vida. A questão é que estas descrições podem estar erradas. Quando estão erradas geram autoavaliações disfuncionais. Por sua vez, estas avaliações disfuncionais criam circunstâncias aversivas que fazem as pessoas se sentirem mal. Quando se sentem mal dizem que têm uma baixa autoestima. Como mudar este sentimento? Mudando as contingências de reforço.

Uma terapia pode ajudar a pessoa a mudar as contingências que determinam o comportamento de se avaliar de forma tão negativa. O que importa é a pessoa saber o quanto a sua autoavaliação a incomoda. Se houver incômodos é hora de procurar ajuda, pois este incômodo pode gerar interferências em outros comportamentos, tornando, desta forma, a vida menos produtiva. Uma vida menos produtiva pode se tornar escassa em reforçamento positivo. Por sua vez a escassez de reforçamento positivo pode gerar uma série de outros problemas comportamentais (emocionais).

Outros artigos semelhantes a este? Abaixo você encontra outras indicações de leituras do Café com Ciência, não deixe de conferir.

-->

Leia mais...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A Difícil Tarefa de Falar de Sentimentos

-->
Por: Bruno Alvarenga Ribeiro.

Você já percebeu que falar de sentimentos e emoções não é uma tarefa muito fácil? Nós psicólogos vivenciamos isso todos os dias na clínica. Muitos dos nossos clientes querem falar de seus sentimentos, mas as palavras parecem escapar-lhes, e quando alguma palavra é encontrada ela parece não descrever com exatidão aquilo que se sente. No entanto, não é um "privilégio" dos psicólogos poder observar de perto a dificuldade que a maior parte das pessoas têm de falar de seus sentimentos. Aliás, é bom que se diga que os profissionais da psicologia não estão isentos desta dificuldade, afinal de contas nós também somos humanos, e como o resto da humanidade aprendemos a falar de nossos sentimentos com quem não tem acesso ao que estamos sentindo.

Já assinalamos em outros textos que emoções são comportamentos.Tenha acesso a alguns destes textos clicando aqui. O behaviorista não atribui às emoções nenhum status especial. Ele não considera as emoções como os fatores causais daquilo que fazemos. Tanto o que sentimos quanto o que fazemos são comportamentos selecionados (modelados) pelas contingências de reforço que fomos sendo expostos ao longo da vida. Isso não quer dizer que as contingências filogenéticas, aquelas relacionadas à sobrevivência da espécie humana e as contingências culturais não tenham um papel na causação do comportamento emocional.

As contingências filogenéticas selecionaram os comportamentos respondentes que são eliciados quando nos emocionamos. Quando alguém, por exemplo, diz sentir ansiedade, na verdade está relatando algumas transformações fisiológicas que estão se processando no organismo: taquicardia, respiração ofegante, queimação no estômago ou ânsia de vômito, tensão muscular, etc. Estas transformações fisiológicas são os respondentes eliciados quando se sente ansiedade. Isso é apenas parte do comportamento emocional de se sentir ansioso. Outra parte se manifesta através de comportamentos operantes: agitação, fala acelerada, dificuldade de concentração, impaciência, etc.

As transformações fisiológicas foram selecionadas ao longo da evolução das espécies por causa do seu valor de sobrevivência. Imaginemos o caso da ansiedade. Taquicardia e respiração ofegante, por exemplo, ajudam o organismo a entrar num estado de alerta que o prepara para a fuga e contra-ataque. Nos primódios da civilazação humana o Homem disputava alimentos e abrigo com outras espécies, fugir e contra-atacar foram respostas adaptativas selecionadas por contngências filogenéticas. O problema do mundo moderno é que qualquer sinal insignificante de perigo é interpretado como motivo para fugir e contra-atacar, e isso explica porque tantas pessoas têm problemas relacionados com a ansiedade e porque muitas outras vivem explodindo e contra-atacando aquilo que se considera um objeto de temor.

Mesmo os comportamentos de contra-atacar e fugir não são puramente filogenéticos. Há neles um componente operante. Se o contra-ataque minimiza ou elimina os sinais de perigo, acaba por se estabelecer uma contingência de reforçamento negativo. Se a fuga evita danos à integridade física, também se estabelece uma contingência de reforçamento negativo. Mas as respostas de aceleração cardíaca, respiração ofegante, entre outras são puramente filogenéticas, cuja função é colocar o organismo em condições para fuga ou contra-ataque. Neste sentido, podemos dizer que ansiedade enquanto comportamento emocional é um comportamento adaptativo, pois ajudou o homem na luta por alimentos e abrigo.

Mas se a ansiedade como qualquer outro comportamento emocional pode ser um comportamento adaptativo, por que temos padrões emocionais que acabam produzindo problemas, que acabam colocando a integridade do organismo em risco? A resposta está nas contingências de reforço. Se alguém é muito ansioso, pode ser que tenha tido uma história repleta de muitas punições. Sendo assim, vários foram os estímulos que se associaram às punições e por isso se tornaram estímulos aversivos. Então, a pessoa age como se tudo fosse aversivo, como se estivesse prestes a ser punida, por isso precisa manter-se alerta. Uma generalização de estímulos é responsável por este estado de prontidão.

As contingências culturais também têm um papel na causação do comportamento emocional. É dito, por exemplo, que os brasileiros são bastantes expressivos, enquanto que os ingleses são mais frios e introspectivos. Se analisarmos a cultura brasileira encontraremos contingências que favorecem a extroversão, enquanto na Inglaterra encontraremos outras contingências completamente diferentes. Uma análise completa dos comportamentos emocionais também deve levar em consideração estas contingências. Um psicoterapeuta brasileiro atendendo um inglês deve ter o cuidado de não forçar a ocorrência de certos comportamentos emocionais, caso contrário pode criar contingências de controle aversivo que levem o cliente a fugir do tratamento.

Até aqui aprendemos que emoções são comportamentos. Por trás da causação dos comportamentos emocionais estão contingências filogenéticas, contingências de reforço (ontogenéticas) e contingências que envolvem o processo de transmissão da cultura. Resta responder a seguinte pergunta: por que é tão difícil falar de emoções? Lembremos que parte do que ocorre enquanto nos emocionamos são comportamentos respondentes (mudanças fisiológicas). Boa parte destes mudanças geram transformações no interior do organismo, geram estímulos interoceptivos, estímulos que ocorrem no interior do organismo, estímulos que correspondem exatamente aquilo que sentimos quando nos emocionamos.

Estes estímulos são privados, pois só quem tem acesso a eles é aquele que se emociona. Quando descrevemos que estamos sentindo determinada emoção, estamos na verdade descrevendo a ocorrência destes estímulos gerados por comportamentos respondentes. A questão é que aprendemos a descrever tais estímulos, ou descrever nossos estados emocionais com quem  não tem acesso ao que estamos sentindo. Chamamos de comunidade verbal aqueles que nos ensinam tal tarefa. A comunidade verbal é formada por todos os membros que fazem parte dos grupos aos quais frequentamos ao longo da vida: família, escola, grupos sociais, etc.

Se a comunidade verbal não tem acesso ao que sentimos, como ela nos ensina a falar de nossas emoções? Ela faz isso com base em eventos públicos que acompanham nossos estados emocionais. Vamos a um exemplo. Imagine uma criança que ao aprender a dar os seus primeiros passos acaba caindo e ferindo a boca. Imediatamente ela começa a chorar. A mãe presume que ela está sentindo dor e começa a dizer: "oh dó, está doendo bebê? Machucou a boquinha? Fez dodói?" Assim a criança aprende que aquilo que está sendo sentido se chama dor.

Mas não é em todos os estados emocionais que há um evento púbico claro acompanhando um estímulo privado que se presume estar ocorrendo. A comunidade verbal vai sempre inferir a presença de um estímulo privado a partir de eventos públicos correlatos, mas estes últimos nem sempre são assim tão evidentes. Deste fato deriva-se a dificuldade que geralmente temos em falar de emoções, pois aprendemos a relatá-las de modo bastante impreciso, e toda imprecisão decorre do acesso que a comunidade não tem aos estímulos que se originam da ocorrência de comportamentos respondentes.


Este é um dos principais motivos que explicam a dificuldade que todos temos em falar de emoções. Há outros. Emoções que geram estimulação aversiva também vão ser relatadas com dificuldades, pois os estímulos aversivos irão gerar comportamentos que concorrerão com o comportamento de relatar a emoção sentida. Pessoas com pouco treino em habilidades sociais também podem sentir muita dificuldade ao falar de emoções, pois o falar pressupõe um ouvinte (plateia), e a ausência de comportamentos que permitam a socialização transforma as situações sociais em fontes de estímulos aversivos.

Portanto, antes de julgarmos alguém, é bom que nos questionemos se estamos em condições de descrever o que a pessoa está sentindo. Nem sempre os eventos públicos que acompanham os comportamentos emocionais são pistas confiáveis para aquilo que as pessoas estão sentindo. Ao lembrarmos disso evitamos os riscos de chegarmos a conclusões precipitadas a respeito daquilo que as pessoas sentem.

E você, o que achou deste texto? Manifeste sua opinião.

Outros artigos semelhantes a este? Abaixo você encontra outras indicações de leituras do Café com Ciência, não deixe de conferir.


Leia mais...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O Amor e os Seus Mitos

Por: Bruno Alvarenga Ribeiro.

Novamente o amor é tema do blog Café com Ciência. O poder do amor, ou melhor dizendo, o poder que o comportamento de amar tem de produzir contextos (estímulos discriminativos) e de gerar estímulos reforçadores que respectivamente produzem disposições para agir de determinada forma, como também reforçam tais disposições, é o motivo pelo qual este sentimento, ou esta forma de se comportar ter sido tão retratada ao longo da história da humanidade em pinturas, poemas, histórias, novelas etc.

O amor exerce um grande fascínio sobre aqueles que amam. E o motivo não é muito difícil de entender. Quem ama se mobiliza para fazer com que o amor se transforme no tema central de sua vida. Se mobiliza porque o amor tem o poder de gerar estímulos reforçadores os mais diversos, inclusive e principalmente estímulos de natureza sexual. Não me refiro ao sexo propriamente dito. Um beijo, é por exemplo, um reforço de natureza sexual, pois deriva seu poder de reforçar da sua capacidade de estimular sensorialmente os lábios, e tal estimulação naturalmente vai provocar (eliciar) comportamentos reflexos (mudanças fisiológicas) descritas como prazer.

Logicamente que o poder do beijo de reforçar não advém apenas da seleção natural, da filogênese. Ele depende também da cultura. Em nossa cultura o beijo é uma espécie de rito de iniciação à vida sexual. Está associado à conquista e ao cortejo. Culturalmente o beijo é uma espécie de objeto de desejo, primeiro passo que sucede a tantos outros que podem levar a obtenção de prazer sexual. Filmes e novelas transformam o beijo em uma grande encenação teatral, e sendo dramatizado de tal forma passa a ser objeto de desejo das massas. Então, as contingências culturais também têm um papel na determinação do poder reforçador de um beijo ou mesmo de qualquer outro gesto de carinho.

Beijos e gestos de carinho são comportamentos através do qual o amor é expressado. Tais comportamentos geram disposições comportamentais no(a) parceiro(a), como também podem reforçar estas disposições. Dito isso, entedemos porque o amor exerce um fascínio tão grande sobre aqueles que amam, ou seja, isso acontece por causa do poder que o amor tem de produzir reforços, reforços que modelam os mais diversos tipos de comportamentos, reforços que derivam sua força da seleção natural e de contingências culturais. Em função disso muito já se disse sobre o amor ao longo da história, aliás, por causa disso muito ainda se diz a respeito do amor. Mas muito do que se diz sobre o amor são mitos e lendas. Gostaria de enumerar pelo menos dois destes mitos, e farei isso através de alguns questionamentos.

Só se ama uma vez? Quem leu o post "Uma Análise Comportamental da Dor de Amor" sabe que essa pergunta não pode ter um "sim" como resposta. O motivo é simples. Emoção é comportamento. O amor é uma emoção, logo é comportamento. Como comportamento ele está sujeito aos efeitos das consequências que produz, quanto do contexto em que ocorre. Em outros dizeres, o comportamento de amar está sujeito a ação das contingências de reforço, como também das contingências da seleção natural e das contingências culturais como já assinalado. Sendo assim, alguém pode deixar de amar uma pessoa, mas isso não quer dizer que ela perca a capacidade de amar, ou seja, isso não quer dizer que ela não pode voltar a amar uma outra vez.

Essa conversa de que só se ama uma vez é mito. Quando um relacionamento termina, quando um amor se acaba, os comportamentos de amar o(a) parceiro(a) entram em extinção. Expliquei esse processo com detalhes no texto "Uma Análise Comportamental da Dor de Amor", texto ao qual já fiz referência. Aconselho que leitor dê uma olhadinha neste texto. O que ocorre, então, é que se deixa de amar o(a) parceiro(a), ou seja, os comportamentos de amar direcionados aquela pessoa entram em extinção. Isso não quer dizer que o repertório total dos comportamentos que compõem a classe de comportamentos de amar sofra uma completa extinção.

A fila anda, e em nova ocasião pode aparecer um parceiro diferente que ofereça reforçadores bastante distintos, e isso é suficiente para que o comportamento de amar esse novo parceiro seja modelado e passe a fazer parte do repertório de comportamentos de amar. O que pode ocorrer é que a pessoa traga marcas do relacionamento anterior que interfiram no novo relacionamento. Em outras palavras, ela pode trazer disposições comportamentais modeladas por outros relacionamentos, e estas disposições acabam ocasionando problemas para o novo relacionamento. Mas isso não ocorre porque a pessoa perdeu sua capacidade de amar, mas sim por causa de eventos que no passado geraram disposições comportamentais com potencial para produzir problemas os mais diversos quando novos relacionamentos são estabelecidos. Sendo assim, consideremos derrubado o primeiro mito a respeito do amor: "só se ama uma vez".

Depois que deixamos de amar uma pessoa, podemos voltar a amá-la? Sim, nós podemos, embora, essa não seja uma tarefa muito fácil, porque quando se deixa de amar geralmente se cria aversão. Aquele que era objeto de amor muitas vezes acaba se transformando em objeto de outros sentimentos como a raiva, ou seja, aquele que era uma potencial fonte de reforços se transforma em uma fonte de estímulos aversivos, provocando repulsa (comportamento de fuga/esquiva). Nem sempre esse é o caso, mas muitas vezes acontece, principalmente quando o relacionamento termina de forma traumática.

Podemos voltar a amar alguém que se deixou de amar, bastando para isso identificar no relacionamento fontes de reforçamento que não foram exploradas. Estas novas fontes de reforçamento podem criar contextos que voltem a suscitar o comportamento de amar, de modo que este comportamento tenha a oportunidade de ser novamente reforçado. Com isso novas interações são criadas entre o casal, e estas novas interações produzem novos reforços. Por sua vez os novos reforços vão fortalecer o laço de amor entre o casal, ou seja, vão fortalecer as disposições de demonstrar amor entre os parceiros.  Fica derrubado, portanto, o segundo mito.

Poderia aqui explorar tantos outros mitos, mas estes dois nos dão uma dimensão do quão complexos são os comportamentos que envolvem as expressões de amor. Mas importante é saber que o amor é comportamento, e que comportamento pode ser modelado. Se pode ser modelado, relações podem ser refeitas. Importante é saber que as respostas para o amor e suas frustrações estão nas contingências de reforço. Uma vez analisadas as contingências podem nos revelar muito sobre os nossos sentimentos, inclusive sobre o amor.

Outros artigos semelhantes a este? Abaixo você encontra outras indicações de leituras do Café com Ciência, não deixe de conferir.

-->
Leia mais...

terça-feira, 31 de julho de 2012

Pular, pular: se expondo a novas experiências

 

Por: Bruno Alvarenga Ribeiro.

Se não conseguir assistir o vídeo clique no seguinte link para assisti-lo no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=9n-heE1F5Wo

Se você viu o vídeo acima deve ter percebido como às vezes a vida dá reviravoltas, e estas reviravoltas criam circunstâncias favoráveis para que possamos viver novas experiências, e com a vivência de novas experiências temos a oportunidade de experimentarmos novos sentimentos. Simples assim! Simples como dizer "oi". Não resisti ao jargão de certa operadora de celular! Rsrsrsrs...

O vídeo mostra um cordeiro que muito orgulhoso de sua felpuda lã, já ao raiar do dia começava a sapatear. Com isso chamava a atenção dos bichos que moravam nas circunvizinhanças. Todos ficavam impressionados com o sapateado do cordeiro, e logicamente direcionavam toda sua atenção para ele. Ops, aqui se vê em vigor uma operação de reforçamento positivo. O sapatear tinha como consequência obter atenção dos vizinhos. Quanto mais davam atenção, mais o cordeiro sapateava e mais se sentia orgulhoso.

Isso levou o cordeiro a formular uma regra para descrever as contingências de reforço as quais estava exposto. Falando menos tecnicamente, isso levou o cordeiro a formular uma regra de conduta. Esta regra o fazia entender que o que chamava atenção da bicharada era sua felpuda lã, e sapatear era uma forma de exibir o seu visual, ou seja, para o cordeiro o motivo para continuar sapateando era poder exibir sua lã, tanto é verdade que quando foi tosqueado ele perdeu toda a motivação para sapatear.

Está certo que a lã poderia exercer certo fascínio sobre o comportamento de observar e dar atenção da bicharada, mas este fascínio também era obtido pelo sapatear do cordeiro, tanto é verdade que os bichos imitavam-no e com ele sapateavam. A lã era um elemento a mais, um estímulo que contribuía para que a contingência de reforço fosse potencializada, ou seja, era uma espécie de "plus" que somado ao sapateado tornava a circunstância mais atraente, mas não era ela o elemento mais importante, caso contrário os bichos não imitariam o comportamento de sapatear, ficando apenas a observar a beleza do cordeiro.

O sapatear dos bichos é um indicativo de que o sapatear do cordeiro era o estímulo mais importante da contingência, ou seja, era o elemento mais importante daquela circunstância. Outro indicativo é que posteriormente o cordeiro conseguiu obter a atenção dos bichos com o comportamento de pular aprendido com o "coelho". Depois da aprendizagem do comportamento de pular a lã já não era mais importante, pois o cordeiro aprendeu obter reforço positivo (atenção dos bichos) através do pular, tanto não era importante que o cordeiro não mais se importava em ser tosqueado.

O cordeiro aprendeu a obter a atenção dos que estavam próximos com aquilo que ele era e não com aquilo que aparentava. A aparência ficou em segundo plano. O comportamento de pular se tornou intrinsicamente reforçador, ou seja, transformou-se em uma fonte de prazer, seja pela estimulação sensorial produzida, seja pela capacidade de conseguir atenção. As novas circunstâncias vividas a partir do encontro com o "coelho" geraram uma nova aprendizagem que se transformou em uma nova regra de conduta, e esta pode ser assim traduzida: agora o que importa é ser feliz independente da aparência.

O cordeiro aprendeu que o importante era ser feliz com aquilo que ele sabia fazer, ou seja, que sua felicidade dependia do seu agir no mundo e não de sua aparência. Mas tudo isso só foi possível porque ele foi exposto a novas contingências de reforço, ou em outras palavras, porque ele se permitiu viver novas experiências. Ao viver novas experiências acabou experimentando novos sentimentos que se sobrepuseram àqueles sentimentos gerados quando do primeiro tosqueamento.

O primeiro tosqueamento gerou perda de reforçamento positivo. Com isso o cordeiro fechou-se em si mesmo, ou seja, todos seus comportamentos de extroversão foram submetidos a extinção. Com a extinção surgiram sentimentos como tristeza, angústia etc. Digamos que se analisássemos o comportamento do cordeiro a partir de sua aparência (topografia), não teríamos dificuldades para rotulá-lo como "depressivo". Mas a partir de uma análise funcional descreveríamos os sentimentos vividos pelo cordeiro como consequência do processo de extinção de alguns de seus comportamentos.

Portanto, a história nos deixa uma lição. Que lição é essa? Devemos continuamente nos darmos a oportunidade de vivermos novas experiências. Se quisermos mudar nossos sentimentos, só conseguiremos esta façanha mudando as circunstâncias responsáveis pela ocorrência dos mesmos. O cordeiro teve seus sentimentos mudados porque mudaram também as circunstâncias  responsáveis por estes sentimentos. Sentimentos não são causas de comportamento. Sentimentos são comportamentos também, sendo, portanto, determinados pelas contingências de reforço, e só quando estas se alteram é que os comportamentos se modificam, inclusive os comportamentos emocionais.

Uma outra lição interessante é que nossa felicidade não depende exclusivamente de nossa aparência. O mundo capitalista que vivemos quer nos fazer acreditar nesta verdade para vender cosméticos e outras tantas mercadorias. Há inclusive milhares de pessoas que se tornam reféns dos padrões de beleza estabelecidos pela mídia, dependência que gera contingências de reforço que produzem sofrimento e desajustamentos, desajustamentos que às vezes chegam a extremos como os da Anorexia e Bulimia Nervosa.

Outros artigos semelhantes a este? Abaixo você encontra outras indicações de leituras do Café com Ciência, não deixe de conferir.

-->

Leia mais...

terça-feira, 20 de março de 2012

O Amor vicia: amor tem mesmos efeitos das drogas no cérebro

Por: Bruno Alvarenga Ribeiro

Estudo revela que uma relação amorosa tem o mesmo efeito das drogas no cérebro. Clique aqui para ver. Tanto as drogas quanto o amor são responsáveis pela ativação de um sistema cerebral conhecido como sistema de recompensa. O sistema de recompensa é responsável pela produção das sensações de prazer. Até aqui tudo bem. O problema é querer explicar o comportamento de se “viciar” em alguém somente através de mecanismos cerebrais.



De acordo com os cientistas nos “viciamos” em pessoas da mesma forma que podemos nos viciar em drogas e isso acontece por causa da atuação deste sistema de recompensa. De acordo com eles nosso cérebro elege alguém. A partir desta eleição temos motivação para buscar esse alguém. Quando encontramos vem logo a sensação de prazer, de recompensa. Assim se estabelece as circunstâncias para que seja gerado o vício e todas as sensações normalmente produzidas quando se está viciado em alguma substância entorpecente: felicidade, ansiedade, angústia etc.



Embora este estudo seja importante por mostrar que o amor e as drogas ativam as mesmas regiões do cérebro, seria um grande reducionismo querer explicar o comportamento de se “viciar” em alguém apenas através de mecanismos neurofisiológicos. Tornar-se dependente de alguém tem relação com os reforços obtidos no relacionamento, com a história de reforçamento (história de vida) de quem se torna dependente, com as regras que a pessoa foi construindo ao longo da vida para explicar suas relações com os parceiros etc.

O comportamento de se tornar dependente de alguém precisa ser analisado não à luz de mecanismos neurofisiológicos, mas sim a partir das contingências de reforço responsáveis por sua ocorrência. Precisa ser analisado a partir das relações que estabelece com suas consequências e com os contextos em que ocorre. Estes contextos incluem as descrições que a pessoa faz de seu comportar-se, ou seja, as regras que foi criando ao longo de sua vida para explicar suas relações com o mundo. Incluem as regras que foi aprendendo com o mundo para explicar sua própria existência.


Contudo, essas regras nem sempre são fiéis às contingências, ou seja, nem sempre as descreve como elas são. Isso significa dizer que nem sempre percebemos o mundo como ele é. Daí surgem muitas complicações. Uma pessoa que teve uma história de reforçamento em que houveram muitas punições e não teve oportunidade de desenvolver um repertório extenso de habilidades sociais, pode se agarrar a qualquer relacionamento que aparecer, pois os reforços foram tão escassos em sua vida que qualquer relacionamento que os provê pode se tornar fonte potencial de obtenção de prazer. Como consequência esta pessoa pode se “viciar” neste relacionamento. E pode também criar uma falsa regra: “preciso me agarrar a este relacionamento, pois é tudo que tenho”. A regra cria a impressão de que o relacionamento é a única fonte de reforçamento existente, por isso a necessidade de a ele se agarrar. Trata-se de uma falsa regra, pois o relacionamento não necessariamente precisa ser a única fonte de reforçamento. Então, a pessoa deve ser encorajada a experimentar outras fontes de reforçamento, a se expor a novas contingências para adquirir outros comportamentos capazes de produzirem reforços positivos. Desta forma ela ainda tem a oportunidade de formular novas regras que de fato descrevam as contingências como elas são, o que leva a novas descobertas, de maneira que a pessoa seja capaz de dizer para si mesma: “meu relacionamento não é minha única fonte de felicidade”. Que fique claro que este caso se refere a uma situação hipotética, e podem existir inúmeras outras situações que envovem o tornar-se dependente de alguém.

É quando nos expomos a novas contingências que temos a oportunidade de adquirir novos comportamentos e de reformular antigas regras e criar outras novas, alterando assim a nossa percepção do mundo como dizem os mentalistas. É assim que vamos ampliando a nossa visão de mundo. Logicamente que este é um processo que pode envolver algum sofrimento, pois quando nos expomos a novas contingências antigos comportamentos certamente deixarão de ser reforçados, com isso começam a entrar em extinção, e com a extinção surgem sentimentos como tristeza, angústia, mal-estar etc. Por outro lado novos comportamentos vão sendo modelados, o que amplia a possibilidade de obtenção de reforços positivos.

Portanto, o comportamento de se tornar dependente, seja de uma substância entorpecente, seja de alguém, precisa ser compreendido a partir da história de vida/história de reforçamento do organismo. É na história que vamos encontrar os sentidos do comportar-se, ou seja, é na história que vamos encontrar suas funções, pois através dela serão evidenciadas as relações estabelecidas com o meio, relações responsáveis pela forma e intencionalidade assumidas pelo comportamento.

Outros artigos semelhantes a este? Abaixo você encontra outras indicações de leituras do Café com Ciência, não deixe de conferir.

-->
Leia mais...