Desculpem mais uma vez pelo longo tempo sem realizar nenhuma postagem. Hoje vamos falar um pouco sobre algo que todo mundo já sentiu: carência. Metaforicamente e comportamentalmente a carência é semelhante à fome. Quando estamos com fome qualquer comida parece deliciosa. Quando estamos carentes qualquer relacionamento parece formidável. Mas o que está por trás de tudo isso?
Fome faz com que os alimentos adquiram sabores não notados anteriormente ou nos faz até mesmo comer o que normalmente nós não comemos. Não é muito diferente com os relacionamentos. Carência transforma qualquer relacionamento numa fonte "inesgotável" de realização emocional, até mesmo os relacionamentos com potencial para se tornarem tóxicos.
Existe uma operação comportamental chamada privação que ajuda a entender porque isso acontece. Na privação a impossibilidade de contato com determinado reforço torna mais poderoso o seu efeito reforçador. A carência é marcada pela restrição de acesso a reforçadores condicionados importantes, como, por exemplo, atenção e afeto. Também pode ser marcada pela restrição a reforços de origem sexual, que são exemplos de estímulos reforçadores incondicionados (primários).
Não por acaso a susceptibilidade de entrar em qualquer relacionamento que assinale com a possibilidade de reforçamento. Deste modo, a privação, leia-se carência, eleva a probabilidade de comportamentos que aumentem as chances de produzirem os reforços que faltam. Daí podem surgir alguns problemas. Um deles é não avaliar com que frequência os reforçadores serão encontrados no novo relacionamento.
Reforços não ocorrem de modo contínuo. Isso é válido principalmente para aqueles que dependem do comportamento de outrem. A depender do relacionamento o esquema de reforçamento pode exigir muitos esforços para que sejam apresentados os estímulos reforçadores. É algo semelhante ao que ocorre nos jogos de azar: o jogador continua jogando mesmo que a probabilidade de vencer seja muito pequena. É neste momento que o relacionamento pode se transformar numa relação tóxica. Muitas fichas são apostadas na relação, como nas máquinas de caça-níqueis, e o retorno obtido pode não compensar o esforço empreendido para obtê-lo.
Cuidado, portanto, com a carência! Avalie a relação por aquilo que ela pode te proporcionar e pelo esforço que vai empreender para conseguir se sentir realizado(a). E pense em algo importante: os relacionamentos afetivos não são as suas únicas fontes de reforçamento. Existem outras. Procure explorá-las para não se tornar refém da carência.
Caetano Veloso em tom poético cantou que "Narciso acha feio tudo que não é espelho". O Mito de Narciso é uma história que nos remete à mitologia grega, uma história que fala sobre um jovem que ao se deparar com sua imagem na lâmina d'água de um lago apaixona-se por si mesmo. O mito é utilizado para fazer referência ao apego que muitas pessoas têm a si mesmas. Estas pessoas são geralmente chamadas de narcisistas ou até mesmo de egocêntricas.
Narcisismo e egocentrismo, dois termos de grande difusão social. Esta difusão se deve à Psicanálise, que se apropriando do mito de Narciso utilizou-o para explicar a dificuldade que muitas pessoas têm para adiarem suas satisfações, sendo portanto guiadas por um sentimento de urgência. Desta apropriação surgiu o termo narcisismo, que de acordo com a Psicanálise trata-se de uma fixação que ocorre nos primeiros estágios do desenvolvimento humano.
Ainda de acordo com a Psicanálise, nos primeiros estágios do desenvolvimento somos guiados pela urgência em satisfazer nossas necessidades. A criança chora e a mãe dá-lhe o peito. A criança resmunga e a mãe a livra do incômodo das fraldas. A satisfação quase sempre é imediata. Disto podem resultarem registros mentais que levam a busca de satisfação imediata, e no futuro a pessoa pode se tornar um adulto que toma a si mesmo como a medida de todas as coisas, ou seja, que coloca o seu "eu" (ego) como centro do universo.
Ego é outro termo psicanalítico. Quase um sinônimo de "eu" o ego seria a estrutura mental responsável por negociar com o Id (inconsciente) quando as satisfações de nossos desejos ocorrerão. Se por um lado o ego é regido pelo princípio de realidade, é dominado pela razão, por outro lado o id é regido pelo princípio do prazer, buscando a todo instante a satisfação de desejos reprimidos. Um ego frágil vai ceder aos impulsos do id, tendo, portanto, dificuldades em adiar a satisfação dos desejos e de lidar com frustrações. Deriva desta dificuldade o egocentrismo. Daí nota-se a aproximação entre os conceitos de narcisismo e egocentrismo.
Deixando de lado toda a mitologia psicanalítica, pois a explicação psicanalítica é tão mítica quanto a mitologia grega, fiquemos apenas com aquilo que se descreve como sendo narcisismo: dificuldades em adiar a satisfação e colocar-se como centro do universo. Há que se esclarecer as contingências de reforço que podem ser responsáveis pelos comportamentos agrupados sob o rótulo de narcisismo, para em seguida compreendermos como o modo de produção capitalista e também o mundo do ciberespaço têm modelado pessoas com dificuldades em adiarem suas satisfações, pessoas que colocam a busca do prazer como o centro de suas vidas.
A dificuldade em lidar com frustrações, em adiar o prazer e buscá-lo incenssantemente a ponto de sacrificar aspectos importantes da vida, como, por exemplo, a vida social, tem a ver com o modo como em nossa história as consequências foram seguindo nossos comportamentos e nos tornando predispostos a intolerância, ou seja, nos tornando sensíveis ao adiamento de nossas satisfações, de modo que diante de frustrações agimos quase sempre com ataques emocionais.
Esta sensibilidade ou propensão à intolerância quase sempre é produto de esquemas de reforçamento contínuo. Neste tipo de esquema o reforço segue o comportamento praticamente todas as vezes que ele é emitido. Este tipo de esquema costuma estar presente em histórias de pessoas "mimadas", de pessoas que tiveram que se esforçar muito pouco para obterem a satisfação de suas necessidades e desejos, pois os pais ou outros membros da família quase sempre proviam estas satisfações ao menor sinal de alteração emocional.
É sabido que quanto mais imediato um reforço ocorre depois de um comportamento, maior a chance deste comportamento ser fortalecido. Então, há uma relação entre a imediaticidade da consequência e a força do comportamento. Pessoas que tiveram satisfações imediatas proporcionadas pelo meio familiar, e se estas satisfações eram imediatas às queixas, às manifestações de insatisfação, acabam se tornando intolerantes às frutrações, ou seja, se tornam incapazes de adiarem os seus prazeres, agindo quase sempre por um senso de imediatismo. Portanto, a intolerância como padrão comportamental pode ter relação com o esquema de reforçamento e com a imediaticidade com a qual os reforços foram apresentandos ao longo da história de modelagem de certos comportamentos.
Sendo assim, pessoas podem se tornarem reféns das contingências de reforço, ou seja, da forma como os reforços são apresentados, se tornando imediatistas e incapazes de adiarem a satisfação de seus desejos e necessidades. São modeladas não somente para serem intolerantes às frustrações, como também para buscarem a satisfação imediata. Estas pessoas se tornam presas fáceis do ciberespaço, espaço em que a satisfação pode ser obtida apenas com um clique. A satifação não obtida na realidade pode ser alcançada através do ciberespaço.
No ciberespaço tudo parece ser mais fácil. As amizades são virtuais, sendo assim, os aborrecimentos podem ser evitados bloqueando ou excluindo alguém da rede de contatos. O prazer pode ser buscado em chats e redes sociais. Até mesmo pode se obter reforços sexuais por meio do ciberespaço. Há inúmeros chats que oferecem sexo virtual por meio do uso de uma webcam. Com uma webcam e um computador com acesso a internet pode se ampliar as possibilidades de obtenção de reforços.
Talvez seja hora para parar e pensar os efeitos da cultura digital sobre o comportamento das pessoas. Essa cultura não criaria circunstâncias favoráveis para a modelagem de comportamentos narcisistas? Essa cultura não favorece o fechamento sobre si mesmo de modo que as pessoas passem a entenderem que se bastam a si mesmas? Essa cultura não acaba por favorecer o individualismo? Quais são os efeitos da obtenção tão facilitada de reforços com apenas um clique?
Se na vida real os reforços podem ser adiados por causa de uma série de circunstâncias, no ciberespaço eles são facilmente obtidos. Mas que tipos de comportamentos estes reforços estão reforçando? Comportamentos de não fazer nada, ou de se empenhar em atividades que concorrem com outras mais produtivas. Não por acaso muitas empresas bloqueiam o acesso a chats e redes sociais, pois o comportamento de navegar em tais redes e chats concorre com o comportamento de trabalhar, o que afeta a produtividade e acarreta prejuízos.
Seria exagero conjecutar se o mundo digital não estaria contribuindo para a criação de uma cultura do imediatismo? Creio que não. E talvez ele esteja apenas fortalecendo contingências que já operavam no mundo antes de sua existência, contingências que fazem parte de um mundo capitalista "em que tempo é dinheiro", um mundo do "just in time", um mundo regido pela urgência em produzir, pois existe de outra parte a urgência em consumir, um mundo regido pela produção versus consumo.
Se é preciso produzir com urgência, pois existe a necessidade urgente de se consumir o que se produz, cria-se um círculo vicioso em que o consumo é sinônimo de satisfação que não pode ser adiada, em que o consumo é realizado sem que se pense nas consequências, sem que haja consciência das contingências que o determinam. Desta forma o consumo é realizado sem se questionar sobre o que está sendo consumido, pois o que importa é consumir, o que importa é obter prazer.
O produto deste ciclo entorpecedor é a construção de pessoas cada vez menos conscientes dos determinantes de seus comportamentos, ou seja, pessoas que são incapazes de assumirem um posicionamento crítico com relação ao seu modo de vida e sobre o mundo em que vivem, pessoas inseridas numa teia de consumo em que elas mesmas são um produto a venda em stands reais e virtuais. O não pensar nas consequências produz pessoas alienadas, pessoas enamoradas pelo seu prazer como Narciso por sua imagem refletida no espelho d'água, pessoas que podem ser descritas com o refrão da música do Ultraje a Rigor: "eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim".
Neste domingo (01/04/2012) o Fantástico exibiu uma reportagem sobre bingos clandestinos na cidade de São Paulo. A reportagem é no mínimo interessante, pois nos coloca diante uma questão que merece reflexão: por que mesmo perdendo, ou ganhando muito pouco ou quase nada, as pessoas continuam apostando o que têm ou o que não têm em máquinas caça-níqueis e/ou em jogos de azar? Pode-se creditar à sorte ou ao azar o comportamento de continuar apostando mesmo quando não se ganha nada ou se ganha muito pouco? Abaixo segue o vídeo da reportagem:
O que chama atenção na reportagem é o caso de uma apostadora que gastou 2 milhões de reais e ficou com uma dívida que gira em torno de 600 mil reais. Esta pessoa não poderia ter parado de jogar antes de contrair uma dívida tão vultosa? Será que ela não percebeu que estava perdendo mais do que ganhava? Sim, ela percebeu, mas quando percebeu já era tarde demais. Quando percebeu já havia contraído uma dívida de 600 mil reais.
Seria muito simplista creditar à sorte ou ao azar o fato desta pessoa ter adquirido uma dívida tão alta. Também não se trata de nenhuma doença que leva à compulsão de jogar. Nem muito menos tem relação com sistemas de recompensa cerebrais que produzem sensações de prazer quando ativados. O que está em jogo é o esquema de reforçamento que opera nas máquinas caça-níqueis.
Mas antes tratemos de esclarecer o que é um esquema de reforçamento. Seria melhor transpor o conceito para o plural e falar de esquemas de reforçamento. Já sabemos o que é reforçamento, pois este é um conceito que já foi explorado em outros posts. Reforçamento diz respeito ao processo através do qual certos comportamentos são fortalecidos pelas consequências que o seguem. Estes comportamentos são chamados operantes. Ver post sobre Condicionamento Operante (clique aqui).
As consequências que seguem o comportamento podem ocorrer de diferentes maneiras:
(1) Podem seguir o comportamento todas as vezes que ocorrer.
(2) Podem seguir o comportamento depois de decorrido um tempo.
(3) Podem seguir o comportamento depois que for emitido uma quantidade de vezes.
Esquemas de reforçamento dizem respeito as formas de ocorrência das consequências, ou seja, de apresentação dos reforços. No caso (1) temos o que é chamado de esquema de reforçamento regular. Regular porque todas as vezes que o comportamento ocorrer ele será reforçado. Todas as vezes que olharmos para o nosso relógio de pulso iremos ver as horas, imaginando é claro que o relógio esteja funcionando e não precise trocar a bateria.
Comportamento reforçado regularmente tem uma frequência de emissão regular. No entanto, é menos resistente à extinção. Ou seja, se suspendido o reforço o comportamento entrará em extinção mais rapidamente que outros comportamentos reforçados de acordo com outros esquemas. Isso equivale a dizer que uma pessoa que teve uma história em que certos comportamentos foram reforçados regularmente, provavelmente será menos resistente à frustração. Quando os reforços são suspensos esta pessoa tem maior probabilidade de agir com agressividade, com ataques de nervosismo, ansiedade, angústia etc.
Se todas as vezes que olhamos para o relógio ele está funcionando, e se voltarmos a olhar ora ele funciona e ora ele não funciona, talvez possamos sacudi-lo para funcionar, se isso não der certo podemos talvez bater nele levemente, se as batidas leves não derem resultado algum podemos bater um pouco mais forte, e se ainda sim não der certo e não houver a possibilidade de trocar imediatamente a bateria provavelmente começaremos a xingar. A suspensão do reforço produziu uma operação de frustração, esta cria a ocasião para o comportamento de xingar. Logo o comportamento de olhar para o relógio irá se extinguir, e certamente iremos tirá-lo do braço e o guardaremos em alguma gaveta até que tenhamos a oportunidade de trocar a bateria. Portanto, esquemas de reforçamento regular produzem comportamentos menos resistentes à extinção e pessoas menos resistentes às frustrações.
Nos casos (2) e (3) temos o que são chamados de esquemas de reforçamento intermitente. Isso quer dizer que o comportamento não é reforçado todas as vezes que ocorre, ou seja, é reforçado intermitentemente. No caso (2) temos os esquemas conhecidos como esquemas de intervalo. Estes se dividem em dois tipos: esquemas de intervalo fixo e esquemas de intervalo variável. A característica dos esquemas de intervalo é que o reforço segue o comportamento somente depois que decorrer um determinado intervalo de tempo.
No esquema de intervalo fixo o reforço segue o comportamento depois de um tempo fixo. Na nossa cultura os dias de descanso são semanais, aos sábados e domingos, ou seja, o reforço “descanso” ocorre de modo fixo, em intervalos semanais. Neste tipo de esquema o organismo que se comporta é mais produtivo quando se está aproximando o tempo em que o reforço será liberado. Sentimo-nos mais empolgados quando estamos próximos do fim de semana e talvez até nos tornemos mais produtivos. Geralmente depois que se recebe o reforço o organismo entre em inatividade, e sua atividade vai aumentando novamente quando se aproxima o tempo para a liberação do reforço. Por isso se tem tanta dificuldade para se trabalhar na segunda-feira, pois tendo recebido o reforço no sábado e domingo, apresentamos pouca disposição para agir no início da semana. Nossa disposição vai aumentando quando vai aproximando a sexta-feira, e isso se vê claramente nas postagens do facebook para quem logicamente usa esse tipo de rede social. Geralmente se vê as pessoas postando: “sexta-feira minha linda, finalmente você chegou!”.
No esquema de intervalo variável o reforço segue o comportamento depois de um tempo que é variável. A vantagem é que ele contorna o problema do intervalo fixo que gera inatividade logo após a apresentação do reforço, pois a primeira resposta depois do estímulo reforçador tem probabilidade de ser reforçada, e isso mantem o organismo que se comporta mais ativo. O comportamento mantido sob este esquema é geralmente mais estável e produtivo. Nunca se “sabe” ao certo quando o reforço virá, por isso o organismo se mantém ativo. O pescador que passa horas sem pegar nada e que de vez em quando apenas sente algumas pequenas puxadas em sua vara de pescar, é o exemplo de como reforço em intervalo variável pode gerar comportamento estável e resistente à extinção. O pescador fica horas pescando a despeito da quantidade de peixes que pega, e ainda sim não perde a paciência com facilidade. Seu comportamento é mantido por reforçamento em intervalo variável, pois pode variar o tempo em que fisgadas e puxões na vara são apresentados. Como o esquema em intervalo fixo este esquema também produz comportamento resistente à extinção. Aliás, esta é uma características dos esquemas de reforçamento intermitente, todos produzem de alguma maneira comportamento resistente à extinção.
No caso (3) temos os esquemas de razão, que são de dois tipos: razão fixa e razão variável. A característica destes esquemas é que o reforço é apresentado depois que determinado comportamento ocorrer uma quantidade de vezes. Na razão fixa uma quantidade fixa de ocorrências do comportamento é determinante para a apresentação do reforço. O pagamento por peça produzida em indústrias ilustra este tipo de esquema. Paga-se uma quantidade monetária a cada tanto de peças que são produzidas. Este esquema gera comportamentos muito resistentes à extinção, comportamentos que ocorrem em taxas elevadas de frequência. Pode-se elevar a taxa de frequência de determinado comportamento sem se alterar a quantidade de reforços. Na indústria, por exemplo, o trabalhador começa ganhando um determinado valor por um número de peças produzidas. O empregador pode aumentar a quantidade de peças sem alterar significativamente o valor monetário recebido por unidade de produção, o que aumenta a produtividade sem aumentar de modo significativo os custos, e como consequência se tem um aumento nas margens de lucro. Logicamente que o modo de usar este de tipo de esquema precisa ser bem pensado, pois ele pode gerar “esgotamento” no organismo que se comporta, uma vez que se pode aumentar demais a quantidade de ocorrências do comportamento sem se alterar significativamente a quantidade de reforços, o que provoca uma atividade intensa, mas que por outro lado acaba provocando também uma grande quantidade de “estresse”.
Como no intervalo fixo o esquema de razão fixa gera inatividade depois da apresentação do reforço. Um vendedor depois de bater sua meta sente-se temporariamente satisfeito, mas por outro lado vem o desânimo de começar tudo outra vez para batê-la novamente. Mas quanto mais ele se aproxima de batê-la, mais se sente motivado a cumpri-la. O esquema de razão variável corrige este problema do esquema de razão fixa, ou seja, o problema da inatividade após a apresentação do reforço. O raciocínio é semelhante ao esquema de intervalo variável, pois a primeira resposta depois do reforço tem probabilidade de ser reforçada, ou seja, nunca se sabe quando o reforço será apresentado, o que acaba mantendo um bom nível de atividade.
O que ocorre nas máquinas de caça-níqueis é que estas operam em um esquema de razão variável. O prêmio depende das apostas. Mas a questão é que para ganhar um prêmio irrelevante o apostador tem que realizar muitas apostas. Ele aposta muito e ganha muito pouco, mas acaba ganhando. O que ele ganha reforça o comportamento de apostar, comportamento que ocorreu diversas vezes para que o prêmio fosse produzido. No entanto, como se vê na reportagem, as casas de bingo clandestinos utilizam outros meios para o reforçamento dos comportamentos de apostar. Contam com um grupo de funcionários treinados para tratar bem os apostadores. Algumas casas de bingo até mesmo oferecem comida “gratuita”. Logicamente que a comida não é gratuita, pois esta é oferecida com base naquilo que a casa de bingo fatura, ou seja, o apostador acaba pagando por aquilo que ele acredita estar recebendo de graça.
Os esquemas de razão variável das máquinas geram comportamentos “compulsivos” de apostar cada vez mais. Por isso estas casas de jogos de azar precisam ser regulamentadas, pois utilizam esquemas de reforçamento que podem lesar o apostador, e geralmente eles são lesados. Muitos se endividam. Até mesmo precisam de tratamento posterior para se livrar dos efeitos destes esquemas de reforçamento.
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